O ar estonteante que vem da cozinha embala-me.
Fecho os olhos. O mundo negro das minhas pálpebras estende-se à minha frente, um vazio infinito sem preenchimento possivel. Não consigo; não quero abir os olhos. Transparecem-me. Os olhos são o espelho da alma. Há quem diga. A minha mente é um emaranhado de coisas, como se todos os neuróneos se tivessem misturado. Não percebo nada. O que se passa? Que aconteceu? Demasiado absorta nos livros, demasiado concentrada nos desenhos, demasiado afogada nos pensamentos... Sempre. Em todo o tempo passado, neste momento, amanhã ou depois. A realidade e o meu mundo paralelo preenchem-me.
E deixo-me levar... Apenas, deixo-me levar, voo nos pensamentos, até esbarrar com as grades da gaiola que me prendem. A minha gaiola é diferente. É um mar gélido e braviu, cheio de correntes e rochas pontiagudas. Quando chego á superficie, o respirar não dura por muito. E sou levada de novo.
Há 4 anos
1 comentário:
Oh, well, glass half empty...again.
- -'
Miúda, vê o lado positivo das coisas. Acredita, muitas vezes essa gaiola não existe realmente. O gelo forma-se porque não deixamos entrar a luz. Além disso, um pássaro que está dentro de uma gaiola consegue ver as grades... mas quem é que está realmente preso? A ave ou os seres do outro lado?
Gostas de ler, de desenhar, de estar no teu próprio mundo. Os outros não gostam. Os outros não compreendem. E então? Tu és tu, eles são eles...
And we are all just fucking special!!
Have a nice day, Sputnik! ;D
Enviar um comentário